Comissão Estadual da Escravidão Negra vai investigar o histórico desse crime no RJ
O procurador do trabalho Wilson Prudente é membro relator do grupo, que busca formas de reparação aos que ainda hoje sofrem as consequências do período
O procurador do Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ) Wilson Prudente defendeu, durante a posse da Comissão Estadual da Verdade da Escravidão Negra que o Estado brasileiro deve reconhecer que cometeu os crimes de escravidão. “O racismo é a maior manifestação da escravidão nos dias de hoje. Se não pudermos curar, pelo menos poderemos cicatrizar as feridas do passado”, afirmou o procurador, ao tomar posse como membro relator do grupo, na última semana.
A Comissão, conduzida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Rio de Janeiro, vai levantar a história e a memória dos 350 anos de escravidão. O objetivo, com isso, é responsabilizar os beneficiados com o regime de exploração e buscar uma forma de reparação aos que ainda hoje sofrem as consequências do período.
Segundo o presidente da Comissão, Marcelo Dias, serão realizadas audiências públicas em todo o Rio de Janeiro, visitas a terreiros e comunidades quilombolas. O grupo também fará contato com as universidades no intuito de resgatar registros históricos. “Ao final, produziremos um relatório completo do que foi esse período no Brasil”, afirmou.
De acordo com Prudente, a realização desse trabalho terá fundamental importância para a apuração nacional, já que o Rio de Janeiro foi o principal mercado de escravos do império brasileiro e concentra boa parte da bibliografia sobre o tema. O grupo responsável pelo levantamento no Estado faz parte da Comissão Nacional criada pela OAB no final de 2014 com o intuito de levantar as responsabilidades pelo trabalho escravo no Brasil e fazer um resgate social da contribuição negra a partir de pesquisa sobre episódios pouco conhecidos.
O presidente da Comissão Nacional, Humberto Adami, durante a posse do grupo estadual, ressaltou que o negro precisa sair da base da pirâmide social do país e assumir posições de destaque. “As cotas são instrumentos importantes de ação afirmativa, mas ainda são muito pouco em relação ao apagamento da escravidão. Vamos aumentar a conta da reparação da escravidão negra no Brasil”, concluiu.
O levantamento feito pela Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra servirá de referência para pesquisas na área e subsídio para o desenvolvimento de políticas públicas. O trabalho será dividido em dois grupos. O primeiro ficará responsável por fazer um levantamento bibliográfico sobre a temática. Já o segundo vai estudar o impacto da escravidão negra nos dias atuais. O objetivo com isso é encontrar formas de reparação.
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