Projeto capacita jovens de comunidades do RJ para inclusão de pessoas com deficiência

O MPT é parceiro na formação, que dissemina o uso de ferramentas acessíveis de comunicação e fomenta a inserção dos jovens no mercado de trabalho

Cerca de 60 jovens da Comunidade da Vila Kennedy em Bangu, no Rio de Janeiro, estão participando de formação em técnicas de comunicação acessível, como uso de libras, audiodescrição e livro falado. Até maio, o objetivo é que eles estejam prontos para atuarem como agentes de promoção de acessibilidade em suas comunidades e no mercado de trabalho, de forma a fortalecer o diálogo entre pessoas com e sem deficiência, fomentar a inclusão e erradicar o preconceito.

As aulas são oferecidas pelo projeto Agentes de Promoção da Acessibilidade da Escola de Gente, entidade que capacita jovens de comunidades de baixa renda em conteúdos de inclusão e acessibilidade. Nos últimos 13 anos, mais de 20 mil jovens de diferentes regiões do Brasil já foram atendidos pelos programas da entidade. Na Vila Kennedy, o projeto está sendo desenvolvido em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT), como fruto de convênio firmado no ano passado. O órgão vai contribuir ministrando aulas sobre direito trabalhista e a eliminação da discriminação no mercado de trabalho.

Podem participar do projeto jovens entre 16 e 29 anos, com ou sem deficiência. Vinícius Tadeu Moreira e sua amiga de infância Ruth de Araújo Blanc, ambos com 17 anos e deficiência auditiva, contam que ficaram sabendo do projeto na Vila Kennedy e resolveram se inscrever. “Adorei a dinâmica, tivemos aulas de libras, teatro acessível, aprendi muito”, contou, por meio de linguagem de sinais e com auxílio de uma intérprete, integrante do projeto. O curso o ajudou a pensar no que quer seguir como carreira profissional. “Já tenho ideias em mente, vou escolher uma profissão em que eu possa ajudar as pessoas”, ressaltou.

Os dois dividem sala de aula com Alessandra Gualberto, 30 anos, que é jornalista e não possui deficiência. Ela conta que decidiu entrar no curso após fazer monografia sobre a inclusão do deficiente visual no jornalismo. “Temos visão de integração, mas não de inclusão, que é ter uma sociedade preparada para todos, por isso me interessei”, afirma. Ela explica que a convivência com colegas com deficiência foi tão enriquecedora quanto as aulas. “Aprendi a me comunicar melhor com as pessoas sem ser de forma discriminatória, passei a lidar com isso de uma maneira mais natural”, destacou. A partir do projeto, agora ela pretende aprofundar os estudos sobre livro falado e audiodescrição, para futuramente trabalhar com essas ferramentas.

A audiodescrição é a técnica de descrever de forma falada o ambiente visto, o que possibilita a inclusão de pessoas com deficiência visual em cinema, teatro e programas de televisão. Já o livro falado é a gravação do conteúdo de um livro lido em voz alta, para garantir acessibilidade a pessoas com deficiência visual. Além dessas técnicas, no curso, os jovens também participam de oficinas sobre libras, teatro acessível, análise de mídias, entre outras.

Para a coordenadora nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho do MPT (Coordigualdade), procuradora do trabalho Lisyane Motta, o projeto dissemina o conceito de não exclusão, inclusive no mundo do trabalho. “Esses jovens vão replicar nas comunidades e em seu ambiente profissional noções sobre acessibilidade comunicacional, inclusão, quebra de estereótipos e do preconceito”, ressaltou.

Segundo a fundadora da Escola de Gente, Claudia Werneck, o projeto vai contribuir para a inserção dos jovens dessas comunidades no mercado de trabalho, sejam eles deficientes ou não, visto que o conteúdo ministrado agrega valor aos currículos. “Esses profissionais terão noções de libras, de legislação de inclusão e análise crítica do preconceito embutido nos anúncios. É conhecimento novo no país que levamos a jovens de comunidades de baixa renda, gerando valor agregado ao currículo, no momento em que eles estão entrando no mercado de trabalho”, afirma. Segundo ela, algumas empresas, inclusive, já demonstraram interesse em contratar jovens que estão sendo formados pelo projeto.

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Tags: pessoas com deficiência, Escola de Gente, Coodigualdade, acessibilidade

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