Acordo garantirá recursos para atendimento de crianças com HIV
A Sociedade Viva Cazuza receberá R$75 mil destinados pelo MPT, oriundos de acordo judicial firmado com a Via Varejo, para cumprimento da cota de aprendizagem
A Sociedade Viva Cazuza, que atende a mais de 200 pessoas portadoras do vírus HIV, receberá R$75 mil resultantes de ação civil pública ajuizada pelo MPT-RJ em face da Via Varejo. O montante servirá para custear os serviços prestados pela entidade, que abriga 21 crianças e adolescentes soropositivos e fornece cestas básicas, medicamentos e roupas para 200 adultos, também soropositivos, cadastrados para tratamento.
A Sociedade foi criada em 1990, pelos pais de Cazuza, Lucinha Araújo e João Araújo, com amigos e médicos, após a morte do artista. O objetivo é dar apoio a pessoas carentes que contraíram a doença, além de abrigar crianças soropositivas órfãs ou abandonadas. A entidade conta atualmente com 24 funcionários e, em toda a sua trajetória, já acolheu 120 crianças.
“Doações como esta do MPT sempre são bem vindas, pois temos um gasto mensal elevado, já que a entidade atende às crianças em regime de internato, 24 horas, incluindo fins de semana”, explica Lucinha. Segundo ela, embora a Sociedade conte com os direitos autorais da obra do artista, os valores arrecadados nunca são suficientes, sendo fundamentais os provenientes de doações feitas por quem acredita no projeto.
"Como cidadão e fã de Cazuza, acompanho há tempos o trabalho extraordinário de acolhimento de crianças soropositivas que sua mãe, Lucinha Araújo, vem realizando”, destacou o procurador regional do Trabalho, José Antonio Vieira de Freitas Filho, após visitar a entidade, nesta quarta-feira (22/6), com a procuradora regional do Trabalho Maria Vitória Sussekind. Os procuradores foram os responsáveis pela condução da ação que resultou no acordo com a Via Varejo.
Segundo o procurador, muitas pessoas não imaginam o volume de recursos necessários para a manutenção da Viva Cazuza, cerca de R$100 mil mensais, não raramente superiores aos valores disponíveis. "Espero que outros procuradores sintam-se estimulados a assegurar igual destinação, de manifesta relevância social”, completou.
Como fruto do acordo judicial firmado na ação ajuizada pelo MPT-RJ, a Via Varejo, responsável pela administração de duas varejistas brasileiras (Casas Bahia e Ponto Frio), terá que contratar em todo o país jovens aprendizes em número equivalente a, no mínimo, 5% de todas as funções que exigem capacitação. Para compensar o extenso cronograma fixado para o cumprimento da Lei de Aprendizagem, o grupo de varejo comprometeu-se, ainda, a destinar R$300 mil a instituições que possuem projetos voltados ao acolhimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
“Como a ação trata do cumprimento da Lei de Aprendizagem, buscamos direcionar os recursos para projetos em benefício de crianças e jovens”, ressaltou a procuradora Vitória Sussekind. Além da Sociedade Via Cazuza, também receberão recursos o Instituto Brasileiro de Pró Educação (R$ 100 mil) e a Associação Beneficente São Martinho (R$75 mil).
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