MPT-RJ: Adolescentes em medida socioeducativa se qualificam para o mercado de trabalho
Multa trabalhista garantiu a capacitação de jovens em curso de empreendedorismo e corte de cabelo
“Pretendo ganhar dinheiro cortando cabelo. Quando eu sair daqui vou trabalhar com meus amigos numa barbearia e continuar os estudos”, fala com esperança o jovem W. M. P, de 19 anos, que cumpre medida socioeducativa no Educandário Santo Expedito, em Bangu. O entusiasmo do adolescente contagia e dá esperança, também, a sua mãe, a empregada doméstica Fabiana Martins Porto: “ele também vai poder trabalhar junto com o pai, que tem um bar e já disse que vai ceder um espaço para ele cortar o cabelo dos clientes”.
O adolescente foi um dos 7 jovens a receber o diploma do curso “Oficina de Design em Cabelo”, durante o evento de formatura, realizado na última sexta-feira (18/11), no Educandário Santo Expedito. O evento contou com a presença de pais e familiares dos jovens que concluíram o curso, além de outros adolescentes que já começaram a ter aulas em novas turmas. Os concluintes receberam certificados, materiais de higiene, e o aluno com melhor aprovação ganhou um quite completo para corte de cabelo.
O curso começou em março deste ano e teve duração de seis meses. 30 jovens foram divididos em duas turmas e iniciaram a oficina, que teve aulas às segundas e sextas-feiras, das 9h ás 11hs. Todos eles concluíram pelo menos um dos três módulos: “habilidades básicas, “introdução ao plano de negócio (empreendedorismo) e “prática de corte”. O projeto também ofereceu atendimento psicossocial aos participantes e suas famílias.
Sharlys Pinheiro, de 19 anos, é irmão de um dos adolescentes que recebeu o diploma e acompanhou todas as etapas até a conclusão do curso. Sharlys é barbeiro há um ano e meio e diz que quando o irmão acabar de cumprir a medida socioeducativa “vai trabalhar e montar um salão junto com ele”.
“Tenho a sensação de dever cumprido. Nós sabemos toda a dificuldade social que esses jovens passaram e eles vão sair daqui com um perfil empreendedor. Mesmo que eles não consigam um emprego formal, terão a oportunidade de empreender e trabalhar por conta própria. Não são esses jovens que ganham com isso, a sociedade toda sai ganhando”, declarou Erica Mara Santos, gestora do projeto “Empreendendo Caminhos”.
A oficina foi oferecida pelo projeto “Empreendendo Caminhos” e financiada com recursos de multa trabalhista aplicada a sindicatos e destinada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-RJ) à iniciativa.
“Estou muito feliz com o resultado desse projeto. O trabalho realizado pelo CISC de resgate da cidadania de pessoas egressas do sistema penitenciário e de adolescentes que cumprem medida socioeducativa é de extrema importância para sociedade, que precisa de mais projetos como esse na busca da redução dos altos índices de reincidência criminal presentes em ambos os sistemas carcerário e socioeducativo. Os objetivos do projeto de trabalhar a autoestima dos adolescentes, mostrar-lhes a possibilidade de seguir um outro caminho, através do trabalho livre e honesto e do fomento do empreendedorismo me parece terem sido alcançados. Cabe a esses jovens aproveitar a oportunidade e seguir em frente, com o indispensável apoio de suas famílias", disse o procurador João Carlos Teixeira.
O “Empreendendo Caminhos” é gerido pelo Centro de Integração Social – Uma Chance (CISC) e contou com o apoio do Instituto Pereira Passos (IPP). O custo total da capacitação foi de R$ 205 mil, sendo R$ 180 mil oriundos de multa trabalhista destinada pelo MPT-RJ e outros R$ 25 mil aplicados pelo CISC. Os valores serviram para custear transporte para os participantes, lanche, cesta básica oferecida à família de cada inscrito, além de material didático e outros gastos administrativos.
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