MPT-RJ: Projeto Mão Dupla capacita jovens para o mercado de trabalho

70 jovens que trabalhavam como vendedores ambulantes nas pistas das linhas amarela e vermelha participaram do projeto

“Eu pensava que iria ter o mesmo destino da minha família e ficar trabalhando na linha vermelha a vida toda, mas um dia cheguei no curso e me deram a notícia que tinha uma entrevista de emprego, fui para casa todo bobo e contei para minha mãe. Na data marcada fiz a entrevista e duas semanas depois recebi uma ligação dizendo que eu tinha sido aprovado”, conta, com sorriso no rosto, o adolescente Matheus Santos, que trabalhava desde os 10 anos como vendedor ambulante nas pistas da linha vermelha.

 Na véspera de completar 17 anos, Matheus comemorou o aniversário ao lado de familiares e colegas, na cerimônia de entrega dos certificados do curso de iniciação profissional do Projeto Mão Dupla. O evento foi realizado na quinta-feira (12), no auditório do Museu Histórico Nacional, e contou com a participação de 70 jovens, entre 14 e 23 anos, moradores do complexo da Maré e da Cidade de Deus. Durante um ano, eles assistiram aulas teóricas de cidadania, meio ambiente, legislação trabalhista, e tiveram práticas de profissionalização técnica e uso de novas tecnologias no mercado de trabalho.

Como se comportar numa entrevista de emprego e aprender sobre os direitos e deveres do cidadão foram conhecimentos fundamentais para que Matheus conquistasse a vaga de emprego num hortifruti no bairro de Botafogo. “Foi uma grande oportunidade que eu tive. Estou há três meses lá e quero

continuar. Antes eu tinha que trabalhar quase o dia todo para ajudar minha mãe a pagar o aluguel de casa e cheguei a reprovar de ano no colégio”. A mãe, a irmã, os tios e primos dele trabalham diariamente na linha vermelha. Agora ele cumpre um expediente de seis horas por dia e diz que vai continuar na escola para depois cursar faculdade de educação física e realizar o sonho de ser treinador.

O Projeto Mão Dupla é financiado com recursos de multas oriundas de ações trabalhistas ajuizadas pelo Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ), em parceria com o Instituto Brasileiro Pró Educação, Trabalho e Desenvolvimento (ISBET) e a Secretaria de Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS). “O nome mão dupla significa dar e receber. As empresas e instituições dão oportunidades de trabalho aos jovens e recebem uma mão de obra técnica qualificada. Todos saem ganhando com isso, os jovens, as empresas e a sociedade. Precisamos retirar os jovens da margem da sociedade e da situação de vulnerabilidade”, afirmou o Superintendente do ISBET, Luiz Guimarães Mesquita.

A procuradora regional do trabalho Maria Vitória Sussekind Rocha, responsável pela idealização do projeto no MPT-RJ, disse estar muito feliz por contribuir para a profissionalização dos jovens. “A Nossa intenção é retirar esses jovens da informalidade, que é muito instável. Colocá-los de volta nas salas de aula para que possam estudar e se qualificar para o mercado de trabalho”, disse a procuradora.

Entre o mercado informal e formal, o jovem Carlos da Silva, de 23 anos, já trabalhou mais de 2 anos na linha vermelha e pretende não voltar mais. Ele foi um dos beneficiados com o projeto e está trabalhando há 4 meses como atendente de caixa, num cinema na Barra da Tijuca. “Antes eu trabalhava mais de 10 horas por dia debaixo de sol de 40 graus. Me sentia muito cansado e não tinha tempo para estudar. Agora quero concluir meus estudos e entrar na faculdade”, conta Carlos. Ele está no último ano do ensino médio e pretende cursar gastronomia. ”As bebidas e comidas que eu vendia para os motoristas nas ruas são bem diferentes das que eu vou fazer e vender no meu restaurante”, diz o jovem entusiasmado.

 

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Tags: projetos sociais, jovens aprendizes, mão dupla

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