Procuradoras do MPT-RJ participam de audiência na ALERJ sobre saúde mental dos agentes de segurança

Audiência discutiu impactos das escalas de serviço na saúde dos policiais e defende criação de programa integrado de apoio aos agentes

Imagem: coisasdapolitica/Jefferson Lemos
Imagem: coisasdapolitica/Jefferson Lemos

O Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ) por meio das procuradoras Cynthia Maria Simões Lopes e Samira Torres Shaat esteve presente em audiência da Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia Civil, realizada no dia 29 de outubro, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ). A reunião abordou os efeitos das escalas de trabalho na saúde mental e física dos agentes de segurança, com as procuradoras ressaltando a urgência de políticas de apoio para a categoria.

A procuradora regional do MPT-RJ, Cynthia Maria Simões Lopes explicou que as escalas de trabalho, como a de 24 horas de serviço seguidas por 48 horas de descanso, são incompatíveis com o bem-estar físico e mental dos trabalhadores e que o projeto desenvolvido pelo MPT-RJ busca proporcionar um modelo de assistência ampla e integrada, atualmente implementado em parceria com instituições como o IPPES, PUC-Rio, Fundação Faepol, Associação Lar São Francisco de Assis e com corporações de segurança pública do estado.

A procuradora do Trabalho Samira Torres Shaat destacou o grave cenário enfrentado pelos agentes de segurança, apontando a alta incidência de transtornos psicológicos, como depressão e ansiedade, e o aumento de suicídios entre os policiais do Rio de Janeiro, um dos estados com maiores índices de mortes autoprovocadas entre agentes de segurança, junto a São Paulo e Ceará. Segundo a procuradora, o sistema de escalas impacta severamente o convívio familiar e social dos agentes, agravando o isolamento e dificultando o contato com colegas em momentos de descanso. "As escalas de serviço são de fato uma das causas desse adoecimento. Como validar para trabalhadores da segurança pública condições que a Justiça do Trabalho não aceita para o setor privado?”, questionou.

Samira Torres Shaat também ressaltou o sofrimento em cadeia desencadeado pela perda de um colega, envolvendo famílias e companheiros de trabalho, e defendeu a implementação, pelo Governo do Estado, do Programa de Assistência Ampla e Integrada de Saúde Mental e Valorização dos Agentes de Segurança Pública como política pública. “Quando um policial se mata, quantas pessoas não morrem por dentro junto com ele? O Estado precisa olhar para isso,” alertou, reforçando a necessidade de ações estruturadas para mitigar o sofrimento psíquico e promover o bem-estar entre os agentes de segurança.

Fonte: Coisas da Polícita/Jefferson Lemos

 

 

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